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quarta-feira, 23 de março de 2011

Antropologia em 3 camadas

MVC
Não se assuste com o título do post, não quero me passar por antropologista nem tão pouco sou um profundo conhecedor do comportamento humano, talvez um bom observador. O título é só uma brincadeira (talvez frustrada) com a famosa arquitetura de desenvolvimento em 3 camadas, o MVC.

Resolvi escrever sobre isso depois de perceber que está cada dia mais comum ver ofertas de emprego para a desenvolvedores que parecem mais uma sopa de letrinhas, são tantas diferentes linguagens, banco de dados e frameworks que chega a embaralhar os olhos. Apesar de a discussão sobre a importância de diplomas e certificados estar cada vez mais em cheque o que vemos são empresas que continuam contratando por checklist de tecnologias.

Mas será que o conhecimento técnico é o que realmente importa no momento de se buscar um novo funcionário? Para poder responder isso primeiro vamos entender quais e o que são as tais 3 camadas do profissional.

Requisitos mínimos
Perfil técnico: é o perfil do profissional com relação a expertise, sua capacidade de resolver problemas e seu conhecimento sobre uma ferramentas, processo, linguagem ou qualquer coisa com que ele trabalhe no seu dia-a-dia.

Perfil profissional: é o perfil do sujeito quanto ao comportamento dentro da empresa, como responsabilidade, cumprimento de prazos, pontualidade, comunicação, trabalho em equipe, generosidade no compartilhamento de conhecimento, entre outras qualidades que envolvem seu comportamento.

Perfil pessoal: este perfil talvez seja em alguns casos considerado irrelevantes, já que algumas empresas só se interessam pelo funcionário no período entre ele entrar pela porta para o início de seu expediente até o momento em que vai embora. Este perfil é aquele que representa a humildade, dedicação, perseverança, educação, carisma e etc.

Vale lembrar que nenhum dos perfis é completamente independente dos demais e dificilmente você encontrará alguém que tenha somente um deles desenvolvido ou com um único pouco desenvolvido. E que as pessoas são mutáveis, mas cada um dos perfis tem um custo e tempo diferente para que se desenvolva.
Analisando cada um deles separadamente, acredito que o perfil pessoal seja o mais difícil de ser moldado dentro da empresa, até mesmo a identificação deste perfil é complicada de se conseguir. O jeito mais fácil (e talvez único) de se conseguir estas informações do candidato é através de indicação feitas por pessoas de confiança, uma vez que o tempo de contato durante entrevistas e acertos de contratação são muito curtos. Contratar alguém sem ter um conhecimento básico sobre seu lado pessoal é um grande risco, embora se tenha o período de experiência, que como o próprio nome diz, é um tempo para que a empresa conheça o empregado e ele à empresa, todos sabemos que uma quebra de contrato neste período livra a empresa de alguns encargos mas o prejuízo já aconteceu, afinal a empresa investiu 3 meses de salário e treinamento, além de que, provavelmente, terá que reinvestir isso em uma nova tentativa. Pelo mesmo fato de ser um perfil que não se molda dentro de uma empresa, insistir em alguém confiando que ele irá um dia mudar pode ser uma aposta ainda mais perigosa.

Em contrapartida, o perfil profissional talvez seja o perfil em que a empresa mais tem poder de modificação pois pode agir diretamente sobre o comportamento do empregado. Com algum jeitinho a empresa consegue treinar os seus funcionários para serem mais responsáveis, pontuais ou comunicativos. Cabe ao gerente do setor saber buscar as melhores formas de incentivar e recompensar cada indivíduo. Com aquelas conversas a sós na sala de reunião ou uma conversa descontraída e indireta se é possível transmitir a visão da empresa e apresentar pontos a serem melhorados. Claros que existem medidas mais drásticas mas que muitas vezes são mais efetivas, descontos salariais por atraso ou o compensação de horas sempre transmitem a mensagem.

Já o perfil técnico é muito mais dependente de atitudes próprias do funcionário, a busca pelo conhecimento e crescimento deve partir dele sempre, o que se pode fazer para ajudar e ter uma equipe generosa que não se omita no momento de transmitir o que se sabe. Trocas de ideias, conversas técnicas, explicações sobre suas soluções ajudam ao novo funcionário a aprofundar seu conhecimento mas isto só será realmente efetivo se ele quiser e estiver pronto a aprender. A dedicação e a humildade pode fazer toda a diferença neste momento. Isso nós mostra que o “perfil pessoal” do sujeito pode ser o fiel da balança para sucesso ou insucesso do funcionário dentro da empresa.

Podemos então dizer, que para a empresa, a técnica se constrói, o profissional se molda e o pessoal se escolhe. Pense nisso na sua próxima contratação, talvez você comece a olhar os currículos com outros olhos.

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